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quarta-feira, 9 de abril de 2014

A TERRA DE BAGE


O SINDICATO RURAL E O MUSEU DOM DIOGO DE BAGE



PADRE DOM DIOGO DE SOUSA O FUNDADOR DE BAGE


NÚCLEO DE PESQUISAS HISTÓRICAS DE CANDIOTA MAPEA PROVÁVEL LOCAL DA BATALHA SEIVAL


NÚCLEO DE PESQUISAS HISTÓRICAS DE CANDIOTA MAPEA PROVÁVEL LOCAL DA BATALHA SEIVAL



Em trabalho de pesquisa de campo, integrantes do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota-NPHCAN visitaram a propriedade do Sr. Mario Salis, localizada na estrada do Arbolito, Terceiro Distrito do Baú, interior do Município de Candiota. Na oportunidade foi conhecido o provável local da Batalha do Seival, ocorrida em dez de setembro de mil oitocentos e trinta e seis, onde foi proclamada a República Rio Grandense, após a vitória dos Farroupilha comandada pelo General Antônio de Souza Netto e Coronel Manoel Lucas de Oliveira sobre as forças legalistas chefiadas pelo Coronel João da Silva Tavares. Também foi conhecida a “Picada do Zeca Netto”, local que atravessa o Arroio Seival, onde o importante líder maragato fazia seus deslocamentos e manobras militares na revolução de mil novecentos e vinte e três. Confira o breve resumo de como se travou a mais famosa de todas as batalhas da Revolução Farroupilha:
O coronel legalista João da Silva Tavares tinha se refugiado no Uruguai, depois de reveses que sofreu em combates isolados. Voltou para a Província em setembro de mil oitocentos e trinta e seis, comandando uma força de quinhentos e sessenta homens, a maior parte recrutada entre rio-grandenses no exílio. Bem armado, Tavares provocou os farroupilhas, passando pela região de Candiota, território guarnecido pela tropa do coronel Antônio de Souza Netto, formada por quatrocentos soldados, muitos dos quais eram uruguaios.
No dia dez de setembro, os inimigos se encontraram nas margens do Arroio Seival. Inicialmente houve pequena vantagem das forças imperiais, mas o cavalo de Silva Tavares, com o freio rebentado na peleia, disparou em velocidade, causando a impressão de fuga, mesmo entre seus comandados. A confusão entre eles foi aproveitada pelos cavaleiros de Netto, que atacaram com força redobrada. O resultado deste mal-entendido foi ficarem os revoltosos quase intactos, enquanto houve cento e oitenta mortos, sessenta e três feridos e mais de cem prisioneiros do lado dos imperiais. No dia seguinte, após a renhida luta, Netto marcha para o Campo dos Meneses onde proclama a INDEPENDÊNCIA DO RIO GRANDE DO SUL, sob a forma republicana.
Cássio Lopes, Presidente da entidade, relata que existem trincheiras de guerra nas barrancas do arroio, as quais foram usadas pelos farroupilhas na emboscada contra as forças do império. No Passo foram encontrados dois binóculos e três ponteiras de lanças. “Todas as evidências são concretas, nos levando a crer que esse Passo sobre o Arroio Seival, tem grandes possibilidades, de ter sido realmente o local onde se travou a batalha que culminou no feito mais importante da história Sul Rio Grandense.” Completa Lopes.

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GEN TELLES O HEROI DO CERCO DE BAGE


PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – GENERAL CARLOS MARIA DA SILVA TELLES


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* ??/??/1848 – Rio Grande do Sul
+ 07/09/1899 -  Rio Grande do Sul


Carlos Maria, nascido em 1848 no Rio Grande do Sul, filho de Joaquim da Silva Telles, em 1865 incorporou ao Exército Brasileiro nas tropas que defendiam Uruguaiana da invasão Paraguaia.  No 3º Batalhão de Infantaria participou da comitiva imperial, quando o Imperador D. Pedro II esteve no comando das tropas em operação no sul do Brasil.

Transferido para o 30º Batalhão de Infantaria, fez parte do 2º Corpo de Exército, comandado pelo General Osório, tendo recebido ferimento em combate.  Em 1866 foi promovido a alferes por ato de bravura e, no ano seguinte, foi elogiado pelo imperador e condecorado com a medalha do Mérito Militar, sendo promovido, em dezembro de 1870, a tenente por merecimento.

Em 1891, promovido ao posto de tenente-coronel, foi nomeado comandante do 31º Batalhão de Infantaria, unidade que comandaria por vários anos.  Em 1892, encontrava-se Carlos Maria da Silva Telles no posto de coronel, no comando de seu batalhão, que, depois de alguns combates no Rio Grande do Sul, por ocasião da Revolução Federalista, foi ocupar a cidade de Bagé.

Conhecedor da estratégia de guerra, o coronel Telles sabia que, se o Exército Libertador tivesse a posse da cidade de Bagé, logicamente Pelotas e Rio Grande estariam em suas mãos e, em consequência, a capital do Estado teria facilitada a sua posse pelos revolucionários.  Na verdade, esse era o objetivo dos maragatos, desde a derrubada dos gasparistas do governo do Estado em 17 de junho de 1892.

Mesmo sabendo que teria de enfrentar um poderoso exército, o coronel Carlos Telles resolveu defender Bagé a qualquer preço.  Não atendeu ao apelo do vigário da cidade, cônego Ignácio de Bittencourt, que se encontrava no acampamento de Joca Tavares, em Vista Alegre.  O vigário escreveu ao coronel:

Caro amigo,
Em nome de meus paroquianos peço-lhe que não resista e entregue a cidade aos federalistas comandados pelo Gen. Joca Tavares que, com uma força de 4.000 homens bem armados e municiados, estão dispostos a ocupar a cidade e possivelmente repetirem o que fizeram em Rio Negro, com a tropa do Marechal Isidoro.”


O Coronel Carlos Telles respondeu-lhe que, como brasileiro e como soldados, seu dever era resistir e sempre resistir.

O Dr. Pedro Luiz Osório, médico que fora ao acampamento dos revolucionários para pedir a remessa dos feridos do combate do Rio Negro, para serem tratados na cidade, também escreveu ao coronel Calos Telles:

Como brasileiro e vosso amigo, entendo que é meu dever dizer-lhe ser inútil o sacrifício de resistência, pois não terá possibilidade de êxito, considerando que os revolucionários estão com um efetivo de 5.000 homens, dispostos a ocuparem a cidade, sem se preocuparem como o farão.”

Respondeu-lhe o coronel Telles que tinha recursos e exército suficientes para resitir e vencer 15.000 homens, de maneira que 5.000 era muito pouco e o aconselhava a que cumprissem o prometido.

Tropas do Cel Telles entrincheiradas diante da igreja matriz de Bagé

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A luta continuava cada dia mais feroz, tendo o coronel Telles, para alimentar seus comandados, de avançar nas tropas inimigas e tomar reses para carnear.

Em 4 de janeiro de 1894, os representantes consulares da Itália, Portugal, Argentina e Uruguai pediram uma audiência ao coronel Carlos Telles, que gentilmente concedeu, levando os representantes estrangeiros para sua residência.  Ouviu atenciosamente a proposta do general Joca Tavares, que, por intermédio dos mencionados representantes estrangeiros e no intuito de evitar mais derramamento de sangue brasileiro, informou ser inútil a resistência e pediu que capitulasse, oferecendo garantia de vida testemunhada pelos representantes consulares em missão ali presentes.

O coronel Carlos Telles assim respondeu: 

Peço-lhes que de minha parte transmitam ao Exmº Sr. General Tavares que o nome e as glórias que S. Excia. alcançou, foram no seio do Exército e, portanto, não pode ignorar que o soldado brasileiro não capitula, mesmo que se encontre fraco, e muito menos como nós que estamos fortes, defendendo um governo legalmente constituído e as instituições de nossa Pátria.  Ele, Gen. Tavares, é que deve depor as armas porque está fora da lei, como revolucionário.  Se assim proceder, pode contar com nossas honestas garantias, para si e para seus comandados, mas os oficiais e praças desertores que fazem parte de sua tropa, sofrerão os castigos de acordo com os regulamentos e leis do país. É tudo o que tenho a propor e a aceitar em nome do marechal Floriano Peixoto, que, tenho certeza, sancionará maus atos.

A luta continuou feroz em ataques e defesas, completando 46 dias e noites quando o Exército Libertador, não resistindo, retirou-se praticamente derrotado por uma tropa constituída por 1.100 homens, que tinha um comando valoroso.

Por decreto presidencial de 15 de novembro de 1897, o coronel Carlos Telles foi promovido a general-de-brigada, após encerrada a campanha de Canudos, onde comandou, todo o tempo, o seu 31º Batalhão de Infantaria.  Com a promoção, Carlos Telles foi exonerado do comando do batalhão que esteve sob seu comando durante oito anos.

Faleceu o general Carlos Maria da Silva Telles no dia 7 de setembro de 1899, quando se encontrava em licença no Rio Grande do Sul.


FonteAdaptado de: SILVEIRA, José Luiz. Cel. Carlos Maria da Silva Telles – Herói comandante da defesa de Bagé. In: FLORES, Hilda Agnes (org).Revolução Federalista. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1993.

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terça-feira, 8 de abril de 2014

A PRAÇA E A IGREJA DA MATRIZ EM BAGE PALCO DO CERCO DE BAGE




Encontrei a igreja e a praça em Bage na qual os republicanos em 93 resistiram por 47 dias ao cerco maragato do gen Joca martins a igreja na época e a praça foram impiedosamente bombardeados pelos maragatos q tomaram toda a cidade menos apraça;. O Gen teles teve q matar seu cavalo para alimentar sua tropa. A igreja foi bombardeada mas no final os maragatos bateram em retirada e nao tomaram a praça tremenda foi a bravura dos homens q tavam la.

TUMULO DE GASPAR SILVEIRA MARTINS O LIDER POLITICO DOS MARAGATOS EM BAGE



TUMULO DE ANTONIO D E SOUZA NETO NO CIMITERIO DE BAGE



A Batalha do Rio Negro e uma das maiores mentiras sobre a história do Rio Grande


A Batalha do Rio Negro e uma das maiores mentiras sobre a história do Rio Grande

Exatamente hoje, 27 de novembro de 2013, completam-se 120 anos de um dos episódios mais emblemáticos da história gaúcha. Foi neste dia, na estação do Rio Negro, próxima a Bagé, que se deu uma das batalhas mais sangrentas da Revolução Federalista.

Naquele dia, uma coluna do Gen. Joca Tavares atacou a coluna do Mar. Isidoro Fernandes, entrincheirada nas cercanias da estação. A luta foi feroz e após um dia inteiro de peleia os maragatos impuseram uma estrondosa derrota aos chimangos: mais de trezentos castilhistas foram mortos na batalha.

Ocorre que depois da derrota, os chimangos, que detinham a máquina pública e boa parte da imprensa gaúcha, criaram o boato que persiste até hoje: que os 300 mortos, na verdade, haviam sido degolados pelos maragatos. O mito foi crescendo e com a vitória dos castilhistas ao final da guerra, foi a versão que permaneceu na história.

Mas a verdade é bem diferente disso. Basta uma pesquisa histórica isenta e de certo fôlego para mostrar que houve, de fato, degolas naquele dia, mas foram em torno de duas dúzias. Os condenados eram criminosos conhecidos, contratados como mercenários, prática comum entre os castilhistas (e, em menor medida, também pelos maragatos).

Uma visita ao diário de Joca Tavares dá detalhes sobre esse dia. Embora representasse um dos lados e, portanto, fosse naturalmente parcial, o diário do general é minucioso e detalhista e não deixa dúvidas quanto aos eventos daquele dia. Além disso, pesquisas feitas pelo grande historiador Alfredo Ferreira Rodrigues (por acaso, meu bisavô) indicam também que aconteceram pouco mais de 20 degolas.

Por outro lado, não resta dúvida sobre a ação criminosa do Cel. Firmino de Paula no Boi Preto, em abril de 94. Surpreendidos enquanto churrasqueavam, cerca de 280 maragatos foram degolados, a título de "vingança". Muitos foram mutilados, castrados e torturados antes de lhes passaram a faca no pescoço.

Essa é uma parte da história do Rio Grande que tenta-se esquecer. Mas só conseguiremos nos livrar de nossos fantasmas quando os encararmos de frente. A Revolução Federalista, que completa 120 anos, merece ser revisitada. A história, como sempre, foi escrita pelos vencedores. Mas ela não está completa.

Abaixo, segue um trecho de um romance ("Até que a morte nos liberte", ainda não publicado) que tem como pano de fundo a Revolução Federalista. Neste excerto lanço um olhar sobre aquele dia. Não de um estatístico, mas de alguém que tenta enxergar o lado humano daqueles homens.

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        Ficaram abraçados por um tempo sem dizer nada, embora tivesse muito a ser dito. A sintonia deles era tamanha que as palavras se tornavam desnecessárias. Cassiano enxugou as lágrimas e beijou a testa do irmão, que lhe sorriu. Levantou-se, colocou seu chapéu e sorriu de volta para Camilo, que lhe disse:

- Gracias, mano! – Seus olhos haviam recuperado o brilho e o rosto se lhe iluminara novamente. Cassiano assentiu com a cabeça e saiu da barraca. Queria guardar aquela imagem do irmão. Andou alguns metros e quando ouviu o tiro sentiu um estremecimento, mas não olhou para trás e continuou caminhando sem saber para onde. Quando deu por si estava em meio aos cavalos. Um homem puxou-o pelo braço, tirando-o de uma letargia profunda.

- Capitão? Capitão? O senhor está bem?

Cassiano mirou o homem com o olhar vazio e sem expressão. Ouvia as palavras mas não as compreendia, como se aquele homem falasse de muito longe.

- Capitão Guerra? O senhor pode me acompanhar?

A menção da palavra guerra foi como um estalo e repentinamente Cassiano despertou daquele transe.

- Que foi homem? – respondeu abruptamente.

- Tem um prisioneiro que diz que lhe conhece! – explicou Manoel Preto, que só agora Cassiano reconhecia. - E que o senhor vai interceder por ele! – completou.

Saíram em direção ao ponto onde estavam os prisioneiros. Os oficiais de alta patente seriam usados como moeda de troca. Outros tantos seriam libertados a revelia do comando. Mas um grupo havia sido condenado à morte. Eram criminosos e entre eles estava o homem que dizia conhecer Cassiano. Quando chegaram a um cercado onde eram mantidos, Manoel apontou para um dos condenados: era Inácio. Contra ele pesavam as acusações de estupro e assassinato, que eram de conhecimento geral. Além disso, era acusado de enforcar um simpatizante federalista na frente dos filhos e depois queimar a casa com toda a família dentro. Em qualquer outra circunstância Cassiano já não intercederia por ele. Naquele dia então queria passar-lhe a faca pessoalmente.

- Ele diz que é um seu parente... – falou Manoel Preto.

Cassiano encarou Inácio, que estava com as mãos atadas às costas e lhe olhava com a arrogância de sempre, certo que o primo lhe libertaria.

- Nunca vi na vida! – disse Cassiano, virando as costas em seguida. Enquanto se afastava ainda pode ouvir gritos de súplica e logo em seguida o silêncio. Tinha a impressão de estar fora de seu corpo. Algo mudara definitivamente nele e parecia agora não se importar com mais nada. Queria correr para a barraca, limpar e abraçar Camilo, mas não tinha coragem. Sentou-se à beira de um lagoão próximo e chorou pela última vez na vida.

Na manhã seguinte, enquanto colocava o corpo do irmão em uma carroça, as pessoas o olhavam com assombro. Alguns com admiração, outros com compaixão, desprezo ou até mesmo receio. Mas todos com um certo ar de tristeza pelo que ele havia passado e também por eles mesmos. Os acontecimentos dos últimos dias representavam uma fronteira da qual não poderiam mais retornar. O governo usaria aquela batalha como pretexto para uma guerra total contra os rebeldes, não poupando nada nem ninguém. Diriam muitas mentiras sobre aquele episódio mas, ainda assim, duas dúzias de homens foram mortos como animais e aquilo ressoaria para sempre na história do Rio Grande. Aqueles seriam tempos para ser esquecidos e todos ali sabiam disso.


Três Chefes Castilhistas na Revolução Federalista


Três Chefes Castilhistas na Revolução Federalista - 1ª parte

17/04/2013 15:45 qua
Utalis Luppi, Manoel Pedroso e Fabricio Pillar na Visão da Gazetinha e A Federação
Esse trabalho aborda a visão, ou melhor, a forma como os jornais Gazetinha A Federação, principalmente, o primeiro, noticiaram, em forma de artigos a saga final de três oficiais superiores castilhistas republicanos (partidários de Júlio de Castilhos) e que tombaram em combate na Guerra Civil de 1893: o tenente-coronel Utalis Luppi (1860-1893), comandante do 1º Batalhão de Reserva da Brigada Militar; o coronel Manoel Pedroso de Oliveira (- 1893), comandante da 5ª Brigada da Divisão Sul, centrada na vila de Piratini e o tenente-coronelFabrício Baptista de Oliveira Pillar (1856-1894), comandante do 1º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar. A guerra civil que irrompeu no Rio Grande do Sul em fevereiro de 1893, fez o cidadão de Pelotas, Utalis Luppi envergar o uniforme azul ferrete do exército nacional, sendo urdido ao posto de tenente-coronel e no comando do recém formado 1º batalhão de infantaria de reserva da recém criada Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul (A BM foi criada em 15 de outubro de 1892). Depois de alguns combates, o seu batalhão foi incorporado à coluna do marechal Isidoro Fernandes que era composta também pela 5ª Brigada do coronel Manoel Pedroso e pelo 28º Batalhão de Infantaria do Exército, comandado pelo tenente-coronel Donaciano de Araújo Pantoja (que mais tarde vai ser imortalizado na obra Os Sertões de Euclides da Cunha, enquanto no comando da 6ª Brigada da coluna do general Savaget, na Guerra de Canudos em 1897). A coluna do marechal Isidoro, provavelmente, em torno de 900 a 1.000 homens e não apenas 700 como os jornais da Capital noticiaram, enquanto superestimavam as tropas federalistas também chamadas de maragatas ou libertadoras do general Joca Tavares em mais de 6.200 homens, que na verdade não passavam de 4.000 homens no combate do Rio Negro. O general Joca Tavares venceu o combate do Rio Negro – antiga estação de trem cerca de uns 20 km de Bagé – onde pereceram o tenente-coronel Utalis Luppi, morto por um tido de fuzil e o coronel Manoel Pedroso, degolado pelo major Adão Latorre. A forma e a linguagem que os jornais da Capital, principalmente Gazetinha e Federaçãoera por demais pasteurizada e cheia de superlativos quanto as virtudes dos oficiais republicanos ou pica-paus e de ódio e virulência quanto aos maragatos ou libertadores. Um exemplo disso é como os jornais da Capital – todos republicanos – descreveram a morte do coronel Manoel Pedroso pelo major Adão Latorre. Estes escreveram: “Então degola canalha, pois vais degolar um homem de bem.” Enquanto o historiador Joseph Love sobre isso escreve o seguinte: Pelo menos num dos casos houve uma espécie de justiça bruta na execução: a vítima era um chefe castilhista de nome Manuel Pedroso, que havia saqueado e assassinado em suas andanças pelo município de Bagé. Quando Pedroso soube que fora punido com a degola, perguntou ao mulato, seu executor:
Adão, quanto vale a vida de um homem valente e de bem?
Valente, sim. De bem...não sei! A vida de um homem vale muito, a tua não vale nada porque está no fio da minha faca e não há dinheiro que pague, retorquiu Adão.
Atirando a sua cabeça para trás, a fim de tornar o trabalho de Latorre mais fácil, Pedroso Vociferou: Pois então degola, negro filha da puta! (LOVE: 1975, p. 72). Não resta dúvida que o coronel Pedroso morreu como um valente e não temeu diante da morte. Mas antes disso parece que sua fama de homem cruel e expedito antecedia a da sua valentia e por isso era-lhe votado tanto ódio. Ninguém é morto dessa forma sem que antes tenha dada razão para a vazão de tanto ódio e esse parece o caso do coronel Pedroso, que antes de qualquer coisa era muito temido e odiado. Mas se a Gazetinha e A Federação atacavam a crueldade dos federalistas, os republicanos atuavam na guerra civil talvez até muito mais ferocidade como atesta o famoso massacre do Boi Preto (Palmeiras) no início de abril de 1894, quando o coronel Firmino de Paula, comandante da 5ª Brigada, uma das unidades mais poderosas da Divisão Norte, surpreendeu uma coluna federalista comandada pelo coronel maragato Ubaldino Machado e a derrotou em uma emboscada degolando mais de trezentos prisioneiro em vingança aos mortos de Rio Negro. Existem muitos mais elementos verossímeis na matança de Boi Preto do que no do Rio Negro. O tenente-coronel Donaciano Pantoja, desmentiu que ele e seus soldados haviam sido mal tratados pelos federalistas e que os feridos do seu 28º receberam tratamento digno e humano como testemunha a sua carta ao jornal A Federação em fevereiro de 1894. O certo é que as crueldades campeavam em ambos os campos, por isso devemos descontar a verbologia utilizada contra os federalistas nos artigos abaixo. A Gazetinha na sua edição de 24 de novembro de 1895 publicou o retrato – pintado em bico-de-pena – na sua capa do tenente-coronel Utalis Luppi, acompanhado de um pequeno artigo sobre a vida desse chefe republicano castilhista. Eis a matéria sobre Utalis Luppi nessa edição:
“UTALIS LUPI
Um dos heróis do Rio Negro comandava o 1º Batalhão da Reserva da Brigada Militar. Foi um dos poucos que tiveram a fortuna de morrer nas linhas de fogo. Sim...Foi dos poucos que tiveram a fortuna de morrer, antes da rendição, antes da degola. Quando levantaram, entre os nossos a bandeira branca, ele já havia caído. Não viu aquilo...Tombou no ardor da peleja quando havia ainda entusiasmo e alegria entre os hostes lutadores. Morreu como soldado. Teve uma morte gloriosa. Lágrimas de sangue que outros verteram pelo opróbrio que sofreram ele as não sentiu. Aquele massacre lento, remoído, ruminado aos poucos, saboreado pelo homem que devora o homem...Aquela bestialização sangrenta e tranquilamente feroz que dividiu duzentos homens em pequenos bocados para muitos dias...Utalis Lupi não assistiu aquilo. Já tinha morrido. O Tenente-Coronel Lupi era rio-grandense. Natural de Santa Anna do Livramento, filho do comerciante José Lupi. Foi um dos fundadores do Club republicano daquela cidade em 1883. Mais tarde transferiu a sua residência para Pelotas onde era acreditado negociante. Ali se havia casado. Era um partidário ardente da República. Pelo seu prestígio e conceito foi nomeado comandante do 1º Batalhão da Reserva da Brigada Militar, um dos primeiros a marchar para campanha. Ao combate do Salsinho, o batismo de sangue das armas legais do Rio Grande, a 11 de fevereiro de 1893, ele assistiu com seu batalhão. Serviu com o General Menna Barreto, com o inolvidável João Telles, com o Marechal Izidoro Fernandes, sendo por todos elogiado em diferentes ordens do dia. Além do Salsinho, esteve no Pyrahy, na Serrilhada, no famoso Upamoroty e em outros muitos combates distinguindo-se sempre pela sua bravura e disciplina. Tinha trinta e três anos e já era um veterano da República. Hoje, na ante-véspera, aniversário de sua morte gloriosa, passamos rápida revista aos seus feitos, prestando assim homenagem aos valoroso soldado e laureado companheiro. – B. P. 26-11-95.
Rio Negro
UTALIS LUPI
Gazetinha que tem desfraldada a bandeira imácula e branca da República, na comemoração que hoje faz à memória inesquecida das vítimas da medonha hecatombe do Rio Negro, publica em sua página de honra o retrato do abnegado e valoroso tenente-coronel Utalis Lupi, sacrificado com outros companheiros da jornada cheia das glorias para as instituições nacionais, à sanha sanguinária dos bandidos degoladores, daqueles que, desapiedadas, ceifaram tanta vida preciosa no delírio de verem correr em abundância o sangue generoso dos patriotas caídos no chão da morte mais vil e repugnante. Eles não morreram como covardes, não, lutaram até o último instante, até quando, atirados para as mangueiras, ai sofriam o degolamento praticado pelos libertadores da terra natal, que a convertiam em vasto estuário de sangue, onde naufragavam tanta dedicação, tanto valor e tanto heroísmo cortados pela faca dos Adões da revolução que sempre será de dolorosa recordação para os nossos corações republicanos. Sirva-nos de lenitivo, esta pública homenagem feita pela Gazetinha, no dia de hoje. Tenha a nossa grande dor, por momento, este balsamo e o preito da nossa folha que continua e sempre continuará a pugnar sobranceira e altiva pelos grandes interesses da República que é a nossa honra e a nossa dignidade de povo sul-americano.
RIO NEGRO 
Ainda não apagou-se na memória do povo republicano a data de hoje que assinala, não um combate somente, mas uma hecatombe horrenda, uma carnificina selvagem! Durante a revolução que travou-se neste Estado durante dois anos, nenhum combate houve como o do Rio Negro, o mais encarniçado, e cujo desfecho por parte dos federalistas que venceram pela força e banditismo foi, não uma vitória honrosa e digna, mas sim uma selvageria, uma série de barbaridades horríveis, uma degolação quase completa nos heróicos soldados da República, não respeitando sequer as leis de guerra, não poupando os prisioneiros as facas dos bandidos sedentos do sangue republicano!!! Como esquecer o dia de hoje, rio-grandenses republicanos, dia em que tombaram no “Matadouro do Rio Negro”, sob os ardores de um sol que queimava, sob as nuvens de pólvora que enegreciam o céu, sob a horrível pressão de um sítio, brigando como leões pela República, com sede e fome, vossos irmãos, parentes e amigos, todos em número de duzentos e tantos. E foram arrastados e degolados depois de terminado o combate, depois que se haviam entregado, depois de...prisioneiros!!! A guerra tem leis que se devem observar com o máximo rigor. O prisioneiro de guerra é sempre respeitado; tratá-lo com caridade e carinho é um dever do vencedor; degolá-lo depois de vencido é simplesmente uma cobardia, o ato mais selvagem e vil que se pode praticar! A matança do Rio Negro evidenciou claramente o instinto do inimigo libertador e desde esse dia em diante pesou-lhe de certo na consciência o remorso acabrunhador dos crimes que praticara! Até parece que o próprio Cristo, que eles, os federalistas, diziam ser tambémlibertador revoltou-se enojado, completamente apavorado diante o espetáculo desolador e horrendo de que fora o teatro o campo do Rio Negro. Nunca mais venceram em peleja alguma! Fugiam sempre e cada vez mais fracos e horrorizados, como se andassem sempre a todo o momento, vendo as sombras daquelas pobres vítimas degoladas, a prossegui-los e clamando por justiça!! E a punição para os seus crimes ia-se fazendo lentamente, acentuadamente, em cada aurora que raiava! Os seus fracassos eram contínuos, ao passo que a imagem sacrossanta da República guiava os seus soldados para o campo da morte, sempre com o sorriso nos lábios, alimentando coragem e fé na vitória que encontrava a cada passo dado na estrada da peleja! E a República venceu, cingindo a fronte a coroa dos louros de vitória, altiva e honesta sempre, espalhando exemplos de honra e justiça! E foi com esse próprio sangue precioso que a faca do bandido fez jorrar de Lupi, da garganta de Pedroso e seus duzentos companheiros de morte, foi com o sangue do coronel Carneiro, o herói da Lapa, com o de Pillar e tantos outros filhos abençoados da República que consolidou-se os alicerces da grandiosa obra de 15 de Novembro de 89! Foi com  esse sangue roubado à Pátria, de um modo degradante e bárbaro nas coxilhas do Rio Negro, nas ruas da Lapa, que os filhos desta terra heróica formaram a argamassa férrea com que eternamente solidificaram a obra gigantesca da República Brasileira! Paz aos heróis do Rio Negro e a República chorará sempre sobre seus túmulos, guardando-lhes eterna gratidão! 24-11-95. Cardeal.
26 de novembro 
Neste dia, fazem dois anos que, mais de duzentos leais defensores da República foram vitimados, uns pelas balas da revolução e outros pela faca temível do negro Adão, na horrorosa hecatombe do Rio Negro. E, de entre aqueles valorosos republicanos, uma das figuras mais simpáticas era a do ardoroso tenente-coronel Luppi, comandante do 1º batalhão da reserva da Brigada do Estado, cujos feitos valorosos torna-se desnecessário repetir, porque ainda estão bem patentes na lembrança popular. Minuciosamente a História, registrando-os, há de apontá-los como exemplo de lealdade, patriotismo, abnegação e heroísmo. Luppi, além de republicano entusiasta, garboso e valente soldado da Brigada do Estado, era um amigo sincero e um bom pai de família. E um conjunto de virtudes assim, não podia ser perdoável para os libertadores, e por isso o cadáver daquele bravo foi mutilado por eles, no Rio Negro. Não quero fazer comentários a respeito das barbaridades praticadas pela horda ao mando do sr. general Tavares; é mister não avivar as brasas da fogueira de ódios que ela acendeu. Estas linhas, traçadas ao correr da pena, seja somente a homenagem que rendo à memória do saudoso patriota e a prova, dada a seus filhos, de que jamais o tenente-coronel Luppi será esquecido por seus companheiros de luta. M. A. Pires.
UTALIS LUPI
Completam-se depois de amanhã dois anos que feriu-se o ataque do Rio Negro entre as forças legais em número de 700 homens e os rebeldes em número de 6.000 e tantos combatentes. De conseqüências desastrosas para a pequena coluna republicana, é tido este feito de armas pelo mais memorável da revolução que afinal, acaba de ser definitivamente vencida. Referindo-me a esta memorável data, é meu fim relembrar o nome de Utalis Lupi, o malogrado e heróico comandante do 1º de infantaria da reserva da brigada militar. Não cansarei de o repetir: Utalis Lupi reunia em si todos os predicados que constituem um homem superior. De trato delicado e familiar na convivência dos amigos, generoso com todos quantos a ele, particularmente, recorriam, era de uma retidão inquebrantável quando se tratava de disciplina, era de uma coragem indomável quando se tratava avançar contra o inimigo. Infelizmente para ele, para os amigos, para a República e, sobretudo, para a sua digníssima esposa este último predicado custou-lhe a vida. Porto Alegre, 26 de novembro de 1895.Ângelo dos Santos.
COMBATE DO RIO NEGRO
A história da revolução, registrará no dia 26, em páginas rubras de sangue o segundo aniversário da hecatombe do Rio Negro! A resistência heróica de um punhado de bravos, oferecida contra uma multidão enorme de bandidos foi extraordinária. Mas, mesmo assim, a vitória podia ter sido nossa, senão escasseassem as munições de guerra, de boca e até a própria água. Em tais circunstâncias os valorosos defensores da legalidade, mediante condições honrosas, capitularam. As cláusulas, porém, de garantias impostas pela ata, não foram respeitados e os nossos companheiros, depois de encerrados, eram laçados um a um e puxados como gado em saladero, para o lugar sinistro, onde estava de faca em punho a figura horrenda do negro Adão para atira-los, banhados em sangue na vala onde até hoje repousam seus preciosos restos! E assim foram degolados mais de trezentos denodados batalhadores e dedicados servidores da República! Utalis Lupi, o querido comandante do 1º Batalhão de Reserva da Brigada Militar cuja bravura chegava até a temeridade, calmo, sereno, era atravessado por uma certeira bala que o prostrou sem vida, na ocasião que dirigia os seus denodados comandados. Hoje que a Gazetinha, presta um justo presto de homenagem a memória de tão saudoso camarada, estampando seu retrato na primeira página, eu venho também com estas tão mal alinhavadas linhas reverenciar a morte daquele bravo que soube morrer cumprindo o mais sagrado dos deveres – o da defesa da República! Porto Alegre, novembro de 1895M. PereiraGazetinha: Porto Alegre, 24 de novembro de 1895.
Gazetinha na sua edição de 5 de dezembro de 1895, reproduziu o retrato do coronel Manoel Pedroso de Oliveira, acompanhado de um pequeno artigo sobre o comandante da 5ª Brigada da Divisão Sul. O que se percebe, no artigo, é o mesmo padrão superlativando as virtudes desse chefe castilhista em contraposição a vitupérios carregados de ódio contra os federalistas (maragatos) que parece transbordar das páginas do jornal. Eis o artigo daGazetinha:
“MANOEL PEDROSO
Damos hoje em nossa página de honra o retrato do malogrado coronel Manoel Pedroso de Oliveira uma das vítimas gloriosas da luta sangrenta que tanto nos infelicitou. Chefe de extraordinário prestígio no município de Piratini onde residia, jamais se quis impor ao povo pela sua posição oficial, mas pelos elevados sentimentos do cortesia, cavalheirismo e anuidade no trato, característicos que grangearam-lhe a alta estima em que era tido. A revolução que iniciou-se com a invasão de Fevereiro de 93, veio encontrá-lo com as armas na mão, em favor do governo constituído; e no biênio terrível em que constantemente chocaram-se os dois partidos guerreiros todos viram  a valentia heróica dos destemido rio-grandense à frente dos seus valorosos comandados. Há muitas testemunhas oculares que, relembrando às vezes, os feitos marciais do grande soldado gaúcho, com lágrimas aos olhos, dizem que inapreciáveis seriam os serviços desse homem na eventualidade de uma guerra externa – tal capacidade militar revelou o pranteado republicano. A sorte impiedosa quis que o valente rio-grandense não sobrevivesse a tantos atos de bravura e heroísmo praticados em defesa de ordem constitucional, e no Rio Negro uma das páginas mais negra da história da revolução, o coronel Pedroso caiu degolado pela faca traiçoeira, armada pela paixão partidária, pelo ódio selvagem do inimigo sanguinário. A pátria brasileira se bem souber apreciar os desinteressados devotamentos patrióticos dos seus bons filhos; quando o cérebro nacional voltar à calma desejada de todos os espíritos e que os juízos históricos libertem-se da influência perniciosa dos conceitos apaixonados o nome de Manoel Pedroso refulgirá como um grande sol na esplendida constelação dos grandes homens desta grande nação.
RIO NEGRO
CORONEL PEDROSO
Esta folha em suas populares edições ilustradas, tem procurado e de bom aviso, render justíssimas homenagens aos republicanos que caíram sacrificados, depois de muito valor posto à prova, na presença de miseráveis soldados da revolução que tanto e tão duramente nos castigou, de modo desumano e bárbaro, nessa medonha hecatombe do Rio Negro, onde o negro Adão – a figura repelente das hostes federalistas, exerceu o papel que degrada de degolador-mór, de executor da morte vil pela faca que, cortando a carotina, prostrava centena de vítimas!...Ontem, ocupou a nossa página de honra, essa que se vai tornando viva galeria dos filhos beneméritos da Pátria Republicana, o retrato inolvidável e valoroso tenente-coronel Utalis Luppi, morto em combate nesse mesmo Rio Negro, depois de heróica resistência aos revolucionários do degolamento e do pontapé dado fortemente contra os corpos das vítimas, atirando-os para a estrada, para o pasto oferecido à negra voracidade dos corvos, que em nuvem baixavam sobre a podridão corpórea dos guerreiros sucumbidos. Hoje, o retrato do coronel Pedroso, ocupa essa mesma página – preito que nós republicanos, prestamos à sua memória, que, através do tempo, escoando em anos, lustres e séculos, se conservará, penhor sagrado da Pátria que não pode esquecer um de seus mais ardentes e briosos defensores. Na armadilha ele também caiu, cheio de nobre coragem, insultando o vencedor miserável e com soberano desprezo da vida, oferecendo o pescoço forte à faca degoladora! O endemoninhado executor toma conta da presa, agarra a vítima pelos cabelos e com seguro golpe, faz cessar a vida daquele belo corpo de soldado da República, que morre insultando o algoz e deixando sair do peito, num último grito, uma saudação de entusiasmo à Pátria por que morria!..A carnificina não só alcançou a Pedroso, tocou em mais republicanos. Fez uma centena de vítimas!..Mas que importa, se a República que temos consolida com o sangue jorrado do peito rasgado de todas essas vítimas da revolução, que era dirigida pelo réprobo Gaspar Martins, do interior das alcovas de conhecidas mundanas de Montevidéu? Não há melhor argamassa que o sangue dos heróis! O edifício da República, a contém e por isso está seguro, fazendo triunfante face todas as oposições que contra ela possam aparecer, certas de que não mais terão tão longo domínio como o dessa campanha, travada nos campos rio-grandenses, desolados, com os seus habitantes em fuga e seus lares incendiados pela mão criminosa dos bandidos impunes. Hoje para divertimento da nação republicana representa-se em São Paulo, uma farsa que atrai para a risota livre e espetaculosa, essa que se relaciona com um projeto de restauração da monarquia para o Brasil. Pobres nostálgicos!... Eles têm por si, certamente um cantinho do céu.
CORONEL PEDROSO
Em 26 de novembro de 1893, rolou por terra, banhada em sangue, a cabeça do benemérito republicano e bravo soldado cujo nome serve de epigrafe a estas linhas. Fazia parte da Divisão ao mando do marechal Izidoro quando se deu o combate do Rio Negro, sendo uma das vítimas da carnificina havida depois da capitulação. Coube ao cruel e hediondo Adão a tarefa infame de cortar o fio daquela existência preciosa. Pedroso encarou o horror da morte a que foi sujeito com uma coragem e resignação extraordinárias, tendo nos seus últimos momentos, num sorriso de escárnio, proferido as seguintes palavras: “Degola canalha, que degolas um homem de bem e valente”. Entretanto os bandidos, ladrões e depredadores que tantos assassinatos covardes cometeram, tantas propriedades saquearam e queimaram, andam impunemente por todos os lugares públicos maquinando novos meios de envolver em crepe a sociedade rio-grandense, devido à generosidade do sr. General Galvão, que por todos os meios procura eliminar  do governo desse Estado, os verdadeiros republicanos. Descansa em paz saudoso coronel Pedroso e a tua memória nos servirá de incentivo para não descansarmos um momento em quanto não tiver sido de todo consolidada a paz do Rio Grande, pela qual tantos sacrifícios empregaste. Porto Alegre, Dezembro de 1895M. PereiraGazetinha: Porto Alegre: 5 de dezembro de 1895.  
O jornal A Federação na sua edição de 19 de fevereiro de 1894, publicou o seguinte artigo sobre o sepultamento do cadáver do coronel Manoel Pedroso:
“O coronel Pedroso
Sabemos que o valoroso e malogrado coronel Manoel Pedroso de Oliveira, mandado assassinar miseravelmente por Joca Tavares, e de cujo degolamento se encarregou o negro Adão, major maragato, a 28 de novembro último, foi piedosamente sepultado por d. Avelina Chagas de Azevedo, esposa do cidadão Joaquim de Azevedo e Souza, coadjuvada por seus filhos menores Claudemiro, Indalecio e Raul. A sepultura do bravo e leal servidor da República fica à margem direita do Rio Negro, acima da estrada de rodagem e junto a uma mangueira de torrões. Assinala a derradeira morada do rio-grandense ilustre uma tosca cruz de tabua, que a boa senhora ali depôs religiosamente. D. Avelina conhecera Pedroso desde menino e consagrava-lhe decidida estima. Quando soube do triste fim do inditoso patrício, nova que causou a mais intensa magua, a distinta matrona, com seus referidos filhos, encaminhou-se para o acampamento federalista afim de procurar os despojos de Pedroso, para inhuma-los. Dirigindo-se a Joca Tavares, este lhe respondeu – que não sabia do cadáver, que o procurasse, se quisesse. Saindo em piedosa procura, d. Avelina foi levada junto ao cadáver do desditoso coronel, por um bandido que havia feito parte da escolta que conduzira o intemerato cidadão para o suplício. A abnegada senhora levava madeiras e pano para arranjar um caixão para Pedroso, mas não o pode fazer porque o corpo já estava em adiantado estado de putrefação. Então envolveu-o em lençóis e, auxiliada por seus três filhos, enterrou-o. Estas informações foram prestadas pela própria d. Avelina ao nosso estimado amigo capitão Ambrosio Taveira, de quem foi companheira de viajem até Pelotas, onde veio encomendar uma cruz de ferro para a sepultura do coronel PedrosoA Federação: Porto Alegre, 19 de fevereiro de 1894, p. 2.
O jornal A Federação, na sua edição de 13 de março de 1894, publicou um importante artigo sobre a reunião que os oficiais e praças da 5ª Brigada da Divisão Sul, além de outros oficiais e cidadãos distintos, realizaram na vila de Piratini em homenagem ao coronel Manoel Pedroso, sendo no fim votado ódio eterno aos maragatos. Os participantes e os detalhes dessa reunião foram dispostas na Ata que o jornal Diário Popular de Pelotas enviou à Federação e que foi publicada por esta com o seguinte teor:
“Coronel Pedroso
Do Diário Popular de Pelotas
Na medonha hecatombe do Rio Negro, cilada covarde armada à lealdade do ínclito Izidoro, desapareceu o intemerato coronel Manoel Pedroso de Oliveira, homem generoso e duma nobreza extraordinária de caráter. Como guerreiro, era temido pelos adversários, que lhe recordavam o nome assombrados e trêmulos, e era o ídolo de seus soldados, que o acompanhavam confiantes nas mais temerárias empresas. Esta frase que irrompia do peito seus concidadãos era o seu mais brilhante padrão de glória: “Maneco Pedroso é a alma da campanha do Sul...” E realmente era: um gesto seu reunia massas compactas de soldados destemidos; um grito de guerra que seus lábios proferissem era o sinal certo da derrota do inimigo. Tal era o poder daquela voz eletrizadora, que dava ânimo aos soldados e os conduzia à vitória. Os inimigos e traidores viam de longe o prestígio enorme que aureolava a figura altiva do gigante da nossa campanha e encolhiam-se assustados, tremendo, nos seus ninhos de abutres, sem coragem de atacá-lo sequer. Até Gumercindo Saraiva, o torvo assassino de Curral de Arroios, o ousado chefe da malta de degoladores que infestou este Estado, quando ouvia falar no grande gaúcho de Piratini, mudava de conversa, dizendo que seu desejo era nunca se encontrar com esse republicano. O chacal tinha medo do leão. Agora que já um trimestre correu sobre o lutuoso fato, vem a propósito transcrever aqui a ata de uma reunião efetuada em 4 de dezembro último, na vila de Piratini, a qual compareceram os oficiais da 5ª Brigada, outrora comandada pelo inolvidável coronel Pedroso, bem como numerosos amigos deste herói rio-grandense. Esta Ata, que passamos a publicar na integra, é mais uma prova do valor que era tido na sua terra natal o glorioso soldado mártir. Eis a Ata:
“Aos 4 dias do mês de dezembro de 1893, nesta vila do Piratini, na intendência municipal, presentes os oficiais seguintes pertencentes a 5ª brigada, outrora comandada pelo malogrado coronel Manoel Pedroso de Oliveira: - Tenente-coronel Antônio Toribio Lucas; majoresAntônio Domingues Alves, Manoel Delfino dos Santos, Elizeu Fernandes Rodrigues; capitãesJosé Maria D´Avila Garcia, Bernardino Gonzaga de Souza, Affonso Medeiros da Silva, Manoel José Soares, Dionysio Lucas de Moraes, Antônio Gomes Porto; tenentes Francisco Gonçalves Meirelles, Modesto dos Santos, Valério, João Pedro Gonçalves, Henrique Antônio de Abreu, Gomercindo Salguedo, Orlando Gomes Porto, Antônio Hilário Pereira, Alexandre Milford; alferesManoel Bento da Silva, Silvano Luiz de Oliveira, Benigno Teixeira Maciel, Diógenes Dimas Garcia, Nodário Gomes Garcia Lobato, Claudemiro Silva – e mais os oficiais e amigos do ilustre morto; tenentes-coronéis Antônio Garcia dos Santos, José Antônio da Costa Filho; majoresManoel Rodrigues Barboza, José Affonso da Costa, Cezário Rodrigues Medina, Favorino Pedroso de Oliveira, José J. Gonçalves da Costa e Silva, Affonso Cassiano Crespo, Carolino de Oliveira Madeira, Thomaz Leite de Fanices, Balthazar J. Moraes; capitães Benício Belém dos Reis, Marcelino Ritta de Oliveira, Ramão Garcia de Vasconcellos, Décio Cypriano de Ávila, Manoel Antônio Pinheiro, João Climaco de Mello, Vergiliano Gonçalves Destroyat, José Pereira Duarte; tenentes Candido José dos Passos, Boaventura Rodrigues Goulart, Firmino R. Goulart, Israel Soares de Azambuja Filho, José A. de Azambuja Costa, José Frechedes, Manoel Deoclécio da Rosa, Theodoro Lucio Réges, José Júlio da Silveira Dutra, Manoel Theotonio;alferes Eliseu Gonçalves Valente, Pedro de Araújo Garcia, Honório Antônio Gonçalves, Eduardo G. de Mattos, Antônio João Leão e os cidadãos Belmiro Manoel Gonçalves, Joaquim Pedro da Motta, Hilário Pereira Duarte, Zeferino dos Santos Costa, Eduardo Drumond, Claudemiro Gonçalves Valente, AntônioG. Valente, Sérgio José Cortez, José Avelino de Farias, Gaspar Lazaro Peixoto, Pompilio Mercedes Peixoto, Bernardino Suzú Fernate Peixoto, Fileno José Urgesim, João Vaz de Almeida, Francisco Rodrigues Goulart, Joaquim Elysio de Mello, João Maria Barbosa, Francisco de Abreu Espindola, Saul Pires de Oliveira, Cherubim Severo das Neves, João Augusto Pereira, João Pereira Duarte, Catão Pereira Dias, Fernando Gregório de Avila, Francisco Nunes Garcia, Izaias G. de Souza, Eloy Xavier da Luz, Ermelino da Costa, Izidoro Gonçalves de Souza, João Garcia de Vasconcellos, Nicolau Tolentino Crespo, Manoel A. Pereira, Ricardo Germano Lucas, Belarmino Alves Pedroso, Manoel Serafim da Silveira, Francisco de Avila Garcia, Rufino Dutra, Américo José dos Passos, Victalino José Soares, Manoel Theodoro Duarte, João José dos Passos, Júlio José dos Passos, Carlos José Borges, Pedro Dias, Thomaz Bráulio Borges, Pedro Dias de Oliveira, Nicanor de Avila Garcia, Quintino José Borges e todos os inferiores e praças sobreviventes da 5ª brigada, escapos da hecatombe do Rio Negro, previamente convocados pelo major Elyseu Fernandes Rodrigues, ai foi o mesmo eleito para presidir a sessão, e, aceitando, propôs a eleição de um secretário, que recaiu no major José Affonso da Costa. Em seguida declarou o presidente aberta a sessão, expondo o fim dela que era o seguinte: Que, em face do resultado do combate travado entre as forças republicanas e os inimigos da República, no Rio Grande, nos dias 26 a 28 de novembro p. p., que teve por desfecho a rendição de nossas forças, que acreditando no parlamento levantado pelo inimigo, depuseram as suas armas, sendo depois quase todos degolados, sem se poupar a vida de bravos e patrióticos oficiais, inclusive o ínclito coronel Manoel Pedroso de Oliveira, pelo modo mais ultrajante de que dá notícia a história dos povos cultos; que, em vista de tão infame quanto desumano procedimento, os oficiais e amigos daquele coronel e mais oficiais que com ele sucumbiram à faca homicida e traiçoeira, possuem-se contra esses não brasileiros, que aliciaram nos Estados do Prata a escoria  estrangeira que ali existia para regar o solo da pátria com o sangue dos seus irmãos – de profunda indignação, votando-lhe ódio eterno; que, em homenagem à memória não só do denodado coronel e seus valentes oficiais, como também dos valorosos soldados e de todos aqueles defensores da República que sucumbiram em tão hedionda hecatombe, propõe que se lance nesta Ata um voto de profunda mágua, que veio ferir nossas almas, e tomarem todos luto por 8 dias, o que foi unanimemente aprovado.” Há outras resoluções mais que não vem ao caso transcrever, tendo todos os cidadãos mencionados na Ata subscrito as deliberações tomadas. – Publicando nestas colunas esta importante Ata, prestamos uma homenagem justa e digna ao heróico coronel Pedroso e a seus inditosos companheiros. Quanto aos bandidos execrandos que o vitimaram cruelmente, levando o requinte da perversidade ao ponto de cortar do corpo frio do valente gaúcho as duas orelhas, a esses crapulosos maragatos o nosso desprezo e o nosso ódio. E, o sangue dos nossos denodados patrícios recaia sobre as asquerosas cabeças dos miseráveis salteadores do Rio Negro. Pelotas, 27 – 2 – 1894. A. H. A Federação: Porto Alegre, 13 de março de 1894, p. 1.
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O jornal Gazetinha, na sua edição de 9 de fevereiro de 1896, prosseguindo na esteira de homenagear os grandes comandantes castilhistas que tombaram nos combates da Revolução Federalista de 1893, trouxe em capa o retrato do tenente-coronel Fabrício Batista de Oliveira Pillar, comandante do 1º regimento de cavalaria da Brigada Militar e que morreu no combate de Capão das Laranjeiras (Santiago) no dia 6 de setembro de 1894, aos 38 anos de idade.
“TENENTE-CORONEL PILLAR
Gazetinha, - sempre solícita em render homenagem aqueles que em vida souberam impor-se não só ao respeito e a estima dos seus concidadãos, como também às graças e à veneração da Pátria, por verdadeiros atos de heroísmo e abnegação, que acintilam à viva luz da história como um facho bendito, a iluminar as gerações futuras; a Gazetinha, sempre incansável em agitar a massa pública como o rebate heróico dos grandes cometimentos, ilustra hoje a sua página de honra com o retrato do enditoso e pranteado tenente-coronel Fabrício Baptista de Oliveira Pillar – um dos tantos mártires da liberdade que tombaram na sangrenta pugna do combate, lutando encarniçadamente, peito a peito, corpo a corpo, com esse punhado de brasileiros bastardos, inconscientes de seus deveres na terra, que tentaram ferir de morte o coração do Rio Grande do Sul.
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Fabrício Baptista de Oliveira Pillar, filho legítimo de Vidal Baptista de Oliveira Pillar, nasceu na Pátria dos gaúchos a 24 de agosto do ano de 1856. Desde tenra idade, ainda quando mal sabia compreender os mistérios da vida, começou a mostrar significativa inclinação pela carreira militar. Caráter independente e altivo, talhado para as grandes refregas vitoriosas, não pode conter os generosos impulsos do coração que o convidavam a trocar os livros de estudante pelas armas de aço dos soldados brasileiros, - voluntariamente jurou bandeira no 4º regimento de cavalaria ligeira, a 3 de fevereiro de 1874. A partir desse momento começou para si o fulgurante inicio de seus triunfos esplendidos. A rara energia de seu caráter, a partir dos seus elevados sentimentos de humanidade, se propagando desde logo entre seus companheiros, com a rapidez do trovão, cobriram-no de um reverbero cheio de simpatias. Foi promovido a cabo-de-esquadra no dia 1º de outubro e a furriel no dia 10 de dezembro de 1874. Depois de ter percorridos os diversos postos com a máxima segurança e dignidade, observando sempre os preceitos da disciplina sem desmerecer nunca a magnificência do seu caráter, foi promovido a alferes (equivalente hoje ao posto de 2º tenente) por decreto de 24 de maio de 1879. A 5 de março do ano seguinte matriculou-se na Escola Militar daqui, obtendo um sem número de distintas aprovações. Não havia que ver: onde quer que estivesse a simpática figura do glorioso rio-grandense, era sempre derramando aquele brilho fecundo e deslumbrante, com que Deus houve por bem premiar neste mundo as criaturas fora do comum. E as portas do futuro, que estavam abertas diante de si, de par em par, com todos os seus recantos iluminados, tiveram que cerrar-se dolorosamente, cobertas de luto, pesadas de crepe negro, por ter sido cortada em meio, na florescência dos anos, a vida do grande cidadão, do valente soldado, do abnegado patriota! É tamanha e tão violenta a dor que nos vai na alma ao relembrar-nos esta pungentíssima verdade, que, por instantes, para dar largas aos sentimento e à pena, batemos em fuga do ponto de vista moral, que diz respeito ao nosso biografado. Queira pois o leitor nos desculpar esta pequena falta. A 27 de novembro de 1885, Fabrício Baptista de Oliveira Pillar foi transferido do corpo que pertencia para o 2º regimento de cavalaria, onde, com aquele valor cívico que tão saliente o tornava de seus companheiros de armas, prestou os mais relevantes serviços não só ao Rio Grande do Sul, como ao Brasil em peso, que hoje em dia se curva agradecido diante do frio túmulo que encerra os preciosos restos do intemerato gaúcho. Quando deixou os cargos de instrutor e diretor da Escola Regimental, por ordem do comando da guarnição, para exercer o de secretário do mesmo comando foi pela ordem nº 902 – Louvado pela dedicação, inteligência e zelo com que sempre soube se mostrar nos referidos exercícios. A partir desse dia choveram sobre a fronte do esperançoso moço os mais brilhantes e significativos louvores. A cada um triunfo que alcançava, a cada louro que se prendia nos copos de sua espada, aquele vulto soberbo, dignamente estóico, estoicamente admirado, sentia o coração se retemperar para a luta, como na fornalha acesa se retempera o aço para os floretes. A 6 de janeiro de 1888, por decreto que não temos na memória foi promovido por estudos ao posto de tenente – sendo, logo daí a dois anos e meses agraciado com o grau de cavalheiro da Ordem Militar de Aviz. Em todos os pontos da fronteira que esteve em serviço da Nação, soube manter sempre o mais alevantado espírito de patriotismo e honor que tão bem assentavam em sua digna e simpática figura. No dia 2 de fevereiro de 1890 foi promovido por estudos ao posto de capitão, indo servir no 2º esquadrão do 12º regimento de cavalaria. É escusado acrescentar que nesse posto, como no de soldado, teve o galardão só conferido às pessoas que sabem manter em todos os lances da vida, uma capacidade de caráter capaz de causar intima inveja ao mais valente e sacudido dos gladiadores romanos. Porque homens como este, prontos a correr temerosamente ao primeiro rebate de clarins que a Pátria faz vibrar nos ares, devem ser contemplados de joelhos pelas gerações que passam, como uma hóstia sagrada, como o credo santo de uma religião bendita; pois resumem em si tudo o que existe de mais belo e grandioso no mundo. Fabrício Baptista de Oliveira Pillar deve ser visto assim. Em primeiro lugar porque não sabia outra coisa senão o bem deste punhado de terra brasileira que lhe deu o berço; em segundo lugar porque não se lembrava nunca de outros afazeres que não fossem os que dispunham em favor de seus legítimos patrícios; em terceiro lugar porque tanto envergava com honra a farda de soldado, como a roupa de paisano. Soldado – estremecia pela disciplina e fusão da classe, não afrouxando um instante sequer, sequer um momento a mão enervada e forte com que empunhava a espada enobrecida na refrega dos combates. Paisano – não teve jamais uma nódoa negra que lhe ofuscasse o suave brilho do caráter. Amava entranhadamente o azul do céu americano, o olhar das virgens e o sorriso das crianças. Tinha alma de poeta e coração de guerreiro. Quando, por uma calamidade sem nome, arrebentou a enorme e sangrenta revolução, que por tanto tempo trouxe em doloroso alarme a família rio-grandense, foi incluído pelo sr. presidente do Estado, por Ordem do Dia nº 10 de 22 de novembro de 1892, no 1º regimento de cavalaria, como tenente-coronel. A 27 seguiu para Cacequi, onde assumiu o comando do regimento da Brigada Militar do Estado. Conforme a fé de oficio que abaixo publicamos. Dizer a golpes de pena, os prodígios de valor que obrou esse digno soldado por ocasião da luta reacionária, se torna humanamente impossível de nosso papel. Tentássemos nós um detido exame de seus cometimentos heróicos, seriamos vencidos, por nos faltar o colorido vivo das expressões fortes com que se deve assinalar o quadro dos combates. Palavras, não mostram nunca a realidade das grandes comoções. Só avista pode avaliar o vôo das águias; só o coração pode sentir o deslumbramento dos sóis. Assim para que nos deter num semelhante terreno? Demais vai chegando ao termo a nossa romaria. Já temos a idéia cansada pela falta de fôlego e o coração nos bate apressado no fundo do peito, com o ruído doloroso dos túmulos que se abrem, ao relembrar o lutuoso dia 6 de setembro de 1894...Dia em que rolou para sempre, ferido, ensangüentado, inerte, o corpo do valoroso republicano tenente-coronel Fabrício Baptista de Oliveira Pillar. Dorme, inditoso tenente-coronel! Dorme em descanso o eterno sono dos mortos, que a Pátria livre debruça sobre o teu monumento, sagra em amargo e dolorosissimo pranto o heróico sacrifício de toda a tua vida! Dorme, que nós, o Rio Grande do Sul, o Brasil, todo o mundo enfim, sabemos de sobejo o quanto eras magnânimo e grande!

Ten. Cel. Fabrício Pillar

Cel. Manoel Pedroso

Ten. Cel. Utalis Luppi
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