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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

BUGIO


Bugio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma caixa taxonómicaBugio[1][2]
Bugio-ruivo fotografado no Espírito Santo.
Bugio-ruivo fotografado no Espírito Santo.
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Mammalia
Ordem:Primates
Subordem:Haplorrhini
Infraordem:Simiiformes
Família:Atelidae
Subfamília:Alouattinae
Trouessart1897 (1825)
Género:Alouatta
Lacepede1799
Espécie-tipo
Simia belzebul
Linnaeus, 1766
Espécies
Sinónimos
  • Mycetes Illiger, 1811
  • Stentor É. Geoffroy, 1812
Bugio é uma denominação comum a primatas da família Atelidae e gênero Alouatta. Possuem uma ampla distribuição geográfica, desde o México até o norte da Argentina. São animais de porte relativamente grande e de dieta predominantemente folívora. Vivem em grupos de em média 10 indivíduos em um sistema poligínico de acasalamento. Possuem vocalizações características, que podem ser ouvidas a quilômetros de distância.

Índice

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[editar]Taxonomia e Evolução

Estudos com análise de DNA mitocondrial corroboram a hipótese de que o gênero é um grupo monofilético, que pode ser dividido em dois grandes clados: um clado representa as espécies encontradas na América do Sul e outro, as espécies encontradas no México eAmérica Central.[3][4] O gênero se separou de Brachyteles há cerca de 12,9 milhões de anos atrás, e sofreu uma grande diversificação de espécies de forma recente e rápida (há menos de 4 milhões de anos).[5] Várias subespécies foram elevadas a categoria de espécie.[2][6]
O cladograma abaixo mostra uma provável filogenia da família Atelidae, detalhando as relações entre as espécies do gênero Alouatta.[3][7]
Atelidae

Atelinae










Alouattinae



































Este trabalho confirma o monofiletismo do gênero, e sua divisão em dois clados biogeográficos: Alouatta palliataAlouatta pigra e Alouatta coibensis forma um grupo monofilético, e são espécies que ocorrem exclusivamente na América Central e México, ao passo que o restante das espécies formam outro grupo monofilético exclusivamentesul-americano.[3][4]

[editar]Espécies

São reconhecidos 23 táxons do gênero, distribuídos em três grandes grupos:[8][9][2]

[editar]Distribuição Geográfica e Hábitat

Os macacos do gênero Alouatta são encontrados desde o Estado de Vera Cruz, no México, até o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, e a província de Corrientes, na Argentina.[2] A ampla distribuição geográfica do bugio faz com que ele seja encontrado em inúmerosbiomas e ecossistemas da América do Sul e Central, desde formações florestais da Mata Atlântica e Amazônia até formações abertas, como o Cerrado, no Brasil.[2]







[editar]Descrição

São animais maciços, de maior porte com relação aos outros primatas sul-americanos (pesam em média 7kg); possui uma longa pelagem, maior na mandíbula e lados da face, formando uma barba que esconde o volume do osso hióide, que é muito volumoso nesse gênero (até 50 cm³).[10] Esse osso é bem maior nos machos e funciona como uma caixa de ressonância, o que permite uma vocalização bem desenvolvida, embora, com pouca variedade de sons.[10] A face é negra e nua e os bugios possuem uma longa cauda preênsil com uma palma.[10] O dimorfismo sexual é bastante acentuado, principalmente em Alouatta carayaAlouatta guariba e Alouatta belzebul, com as fêmeas sendo, geralmente, 70% menores que os machos.[10][11] Em algumas espécies existe uma grande variação na coloração da pelagem, o que dificulta a identificação do sexo e da espécie, como no caso de Alouatta seniculus.[2]

[editar]Ecologia e comportamento

[editar]Vocalizações

Bugios-preto (Alouatta caraya) vocalizando.
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Por conta do enorme volume do osso hióide, os bugios emitem vocalizações poderosas, que podem ser ouvidas à quilômetros de distância. Tais vocalizações são emitidas, na maioria das vezes, em contextos de relações inter-grupos.[12][13][14][15] De fato, a maior parte das vocalizaçõe se dão quando ocorrem contato visual entre os grupos de bugios[13], e "simulações" da presença de intrusos significativamente aumentam essas vocalizações, principalmente por parte do macho dominante, que realiza buscas em torno do local que estão sendo emitidas as vocalizações simuladas.[15][12] As vocalizações acabam por impedir que outros grupos se aproximem, evitando encontros agressivos diretos.

[editar]Hábitos Alimentares

Os bugios são primatas predominantemente folívoros, ingerindo principalmente brotos e folhas jovens.[10][8][16] [17][18] Não é raro frutos terem uma porcentagem maior da dieta, como observado em Alouatta pigra e Alouatta discolor.[19][20] São animais seletivos, se alimentando na maior parte das vezes de algumas poucas espécies de plantas.[16][17] As atividades de alimentação consomem cerca de 24% do tempo, visto que a maior parte do tempo os bugios estão descansando (cerca de 60%).[19]

[editar]Reprodução e Acasalamento

Filhote de bugio-preto.
O ciclo estral das fêmeas é de cerca de 16,3 dias, e a gestação é de cerca de 186 dias, como mostrado em animais em liberdade de Alouatta palliata.[21] Os filhotes nascem em média a cada 22,5 meses por fêmea, e atingem a maturidade sexual entre 36 e 42 meses de idade.[21] Na Argentina, em que existe uma sazonalidade no regime de chuvas e de disponibilidade de alimentos, foi constatado um período específico para acasalamento e nascimento, que coincide com os meses mais secos do ano: a maturidade sexual dos juvenis acaba se dando em meses mais chuvosos e com maior disponibilidade de alimentos.[22] A invasão por outros machos, tal como mudanças na composição de adultos no grupo e no status de machos já residentes ao território, provoca a ocorrência de infanticídios, como observado em Alouatta seniculus eAlouatta pigra.[23][24]

[editar]Conservação

As espécies do gênero Alouatta possuem boas perspectivas na sobrevivência em ambientes humanizados no Neotrópico. Cerca de 35% dos táxons que compõe o gênero estão em categorias que denotam algum risco de extinção: trata-se de um número baixo em relação a outros gêneros de primatas sul-americanos como Ateles e Brachyteles.[8] A pouca exigência com questão a alimentação e área de vida, assim como a ampla distribuição geográfica, faz com que somente perturbações muito drásticas do ambiente, como total desmatamento de uma área ou a construção de uma usina hidrelétrica e a caça desenfreada afetem a integridade das populações.[8]Entretanto, algumas subespécies encontram-se em grave risco de extinção, como o A. guariba guariba, considerado como "Criticamente em Perigo", segundo a IUCN.[25]

Referências

  1.  Groves, C.. In: Wilson, D. E., and Reeder, D. M. (eds). Mammal Species of the World. 3rd edition ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 16 de novembro de 2005. Capítulo: Order Primates, 148–152 p. ISBN 0-801-88221-4 (OCLC62265494)
  2. ↑ a b c d e f GREGORIN,R.. (2006). "Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil". Revista Brasileira de Zoo

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