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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A DOMA RACIONAL E MELHOR E NAO SE MACHUCA O CAVALO ESTA E A DOMA MAIS CERTA


Doma
Doma é o processo pelo qual o cavalo passa antes de aceitar ser montado pelo cavaleiro. Existe a doma de baixo, que consiste em aceitar a colocação do cabresto e respeitá-lo, permitir que se erga os membros e que se faça a higiene normal como rasquear e escovar o pelo. Alguns englobam também nessa fase o período em que se ensina os comandos de rédeas sem montar no animal, com a técnica do charreteamento. A doma de cima é aquela que consiste em encilhar o animal e montá-lo, ensinando os comandos para direcionar o animal, realizar transições e controle da velocidade. Após a doma, o animal receberá treinamento específico para a modalidade em que for competir, se for um animal de esporte.
Existem muitas técnicas diferentes para se domar os cavalos, algumas bem recentes e outras que fazem parte da cultura local, passadas de pai para filho, como a doma gaúcha, também chamada de tradicional.
Doma Tradicional (vídeo)
Na doma gaúcha, o cavalo chucro é encilhado sem nunca antes ter tido contato com o material de montaria e normalmente muito pouco contato com pessoas. O ginete monta o animal, que corcoveia e tenta derrubar o cavaleiro. É comum usar esporas e chicotes para instigar o animal e assim cansá-lo mais rápido. Quando o animal fica exausto e para de pular, se ensina os comandos de direção e de velocidade.
Outros tipos de doma tradicional englobam atividades como laçar o cavalo, derrubá-lo, uso de peia por uso prolongado e uso de punição ao invés de recompensa. Normalmente ainda se utilizam muitos elementos da doma tradicional ao se domarem cavalos no Brasil, mesmo quando se usa a chamada de "racional".
Doma Racional (vídeo)
Nesse modelo se prega o respeito ao cavalo, com o uso de recompensas ao invés de punições durante a doma.
"Join up"-Monty Roberts (vídeo); (vídeo 1); (vídeo 2): O americano Monty Roberts divulgou uma forma de domar cavalos que envolve o uso de um redondel. O cavalo é mantido à distância e correndo até que apresente sinais de submissão (como baixar a cabeça e mastigação) e aceite a aproximação do homem. Se o cavalo tentar se esquivar à aproximação humana ou ao uso dos materiais de montaria, é novamente mantido em movimento, até que não mostre reações negativas. Nesse caso, o animal é recompensado com carinho e descanso. Com essa técnica, em menos de uma hora é possível montar a maioria dos cavalos.

Doma passo a passo:

O ideal é acostumar o potro a andar com o cabresto desde os primeiros meses. No início, o melhor é usar uma guia grande presa ao cabresto e passar atrás da garupa do potro, e fazê-lo seguir a mãe por distâncias muito curtas. Depois que ele estiver acostumado a andar para a frente, faça ele parar por alguns momentos, enquanto a mãe também está parada, alguns metros à frente.

Cabresteando o potro da maneira correta
Depois da desmama por volta dos 6 meses, se deve acostumá-lo a andar sozinho com o cabresto. Se ele já estava acostumado a seguir a mãe com o cabresto, provavelmente não haverá  dificuldades. Primeiro para a frente e mais tarde fazendo ele recuar alguns passos. O cuidado com a higiene é uma parte importante da doma de baixo. O cavalo deve ser rasqueado e escovado uma vez ao dia, seus cascos devem ser levantados e limpos, deve-se passar a mão por todo o corpo do animal, para que ele perca as cócegas e medo do homem, se acostumando com uma rotina que será seguida por toda a vida. De vez em quando, deve-se dar banho, começando pelos cascos, a seguir pela garupa, ventre, dorso, pescoço e cabeça.

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Acostumando o potro com o manejo
Quando o potro estiver atingido cerca de dois anos de idade, deve ter início o condicionamento físico do animal. Com o auxílio de uma guia longa, faça o potro trabalhar em círculos amplos, inicialmente ao passo e trote. Se o animal se recusa a caminhar para a frente, peça a um ajudante que puxe o animal no começo ou “toque’ o cavalo para que esse inicie o movimento. Lembre-se de alternar de lado e de que no início o treinamento deve ser breve, não passando de 10-15 minutos, podendo se estender conforme o cavalo for se acostumando ao exercício. Assim que o potro estiver andando ao passo e trote, comece também a pedir o galope. Um som deve ser usado para o potro iniciar o movimento e outro para diminuir a velocidade ou parar. Normalmente são utilizados estalos dos lábios para aumentar a velocidade e a palavra “ouu” ou um assovio para diminuir. Ao invés da guia, um redondel também pode ser utilizado para exercitar o potro.

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Exercitando o potro
Exercícios de flexionamento são importantes: com o cavalo parado, puxe a guia do cabresto para um dos lado até o cavalo encurvar o pescoço pelo menos 90 graus. Deixe o animal nessa posição por apenas alguns segundos e libere-o, como recompensa. Repita o exercício rotineiramente, para os dois lados. Conforme o potro for se acostumando, pode fazê-lo quase encostar a ponta do focinho na paleta, aumentando a encurvatura e deixando-o mais tempo na posição, sem nunca ultrapassar 20 segundos. O alongamento da musculatura do cavalo é diferente da dos humanos. Apenas 15 a 20 segundos é suficiente para alongar o cavalo, enquanto o homem necessita ao menos 1 minuto. É com repetição de curtos períodos que se aumenta a flexibilidade do cavalo, e não com longos períodos. Deixar o animal amarrado por longos períodos nessas posições provoca muita dor e pode inclusive lesar as fibras musculares, ao invés de aumentar a flexibilidade.

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Exercícior de flexão lateral
Após a sessão de exercício, apresente a manta de montaria ao potro, deixando-o cheirar o objeto. Coloque suavemente sobre o dorso e passe sobre o pescoço, a garupa e membros do animal. Se esse se afastar, recomece o exercício. Após alguns momentos, faça o portro parar e tente novamente. Quando ele se mostrar tranquilo ou ao menos se mantiver parado com a manta, afaste a manta e deixe-o um tempo sem pressão, acariciando-o. Deixe cada vez a manta por mais tempo antes de recompensá-lo. Depois que ele se acostumou com a manta, uma corda ou tira de couro deve ser colocada ao redor do tórax para simular o aperto da barrigueira, sem no entanto apertar muito no início. Faça o potro caminhar e mais tarde se exercitar com a manta e a “barrigueira”. Quando ele se mostrar calmo, coloque a sela, aperte e novamente faça ele caminhar para se acostumar com o peso e o balanço dos estribos na pele. Na maioria dos potros já domados de cabresto, em apenas um dia o animal estará completamente acostumado com a manta e a sela.

Após repetir a experiência do potro se exercitar com a manta e a sela, sem corcovear ou estranhar, é hora de introduzir a embocadura. No início, é melhor colocar uma tira de couro ou uma embodura de silicone no lugar das embocaduras de metal. Estando do lado esquerdo do potro, segure a cabeçada com a mão direita e a embocadura com a mão esquerda, colocando suavemente no espaço sem dentes (barra). Deve se formar uma ou duas pregas na comissura labial do cavalo, quando o tamanho da cabeçada está bem ajustado. No início, deixe por poucos minutos a embocadura, retirando logo depois e acariciando o cavalo. Quando ele estiver mais acostumado, comece a realizar os exercícios com a embocadura, no entanto mantendo ainda a guia ligada ao cabresto.

Assim que o cavalo estiver acostumado a se exercitar com a embocadura (ainda que sem ser usada para o comando do cavalo), tem início a fase de charreteamento. No cavalo, usando uma barrigueira de charreteamento, se coloca um bridão, ao qual se prendem duas guias longas, uma de cada lado. O domador se colca atrás do cavalo, cada mão segurando uma guia, que passa pela barrigueira e chega na embocadura. O cavalo é estimulado a se locomover com o som a que já foi acostumado (normalmente estalo dos lábios), de forma tranquila e ao passo. No início outra pessoa pode puxar o potro se for necessário. O domador deve fazer o cavalo virar para a esquerda e direita repetidas vezes, tracionando a rédea esquerda e a direita com suavidade, porém firmeza.

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Charreteamento
Assim que o cavalo sabe os comandos de iniciar o movimento, parar, virar para os dois lados, já está fisicamente condicionado e preparado ao exercício e acostumado a todos os materiais de montaria, é hora de aprender a ser montado.

Após os exercícios habituais, porém mantidos por apenas alguns minutos para não cansar o potro, este é levado ao centro do redondel ou pista. Enquanto uma pessoa permanece segurando a guia, a outra se aproxima devagar do potro, acariciando-o. A seguir, virada de frente para o lado esquerdo do potro, coloca parte do peso do corpo no estribo, retirando em seguida o pé. Esse movimento é repetido diversas vezes, até que o potro não mostre nenhum sinal de apreensão. Nesse caso, a pessoa passa a apoiar cada vez mais o peso, chegando a apoiar todo o peso e encostar a barriga na sela, descendo rapidamente após. O próximo passo, se o potro se mantiver tranquilo, é passar a perna direita para o outro lado e sentar-se na sela. Novamente, a pessoa deve descer em seguida, para mostrar ao potro que não há perigo. Quando ele estiver tranquilo, a pessoa pode permancer na sela e o animal é puxado lentamente pela guia, até se acostumar. A seguir, a pessoa que guia o potro deve deixar a guia frouxa ou retirá-la, deixando que o cavaleiro controle o animal com as rédeas. Porém, a pessoa no chão deve permancer próxima para qualquer eventualidade. O potro logo percebe que não há grande diferença entre obedecer as rédeas com o cavaleiro montado e obedecer as rédeas longas com o domador no chão.

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Subindo pela primeira vez
Assim que o potro estiver obedecendo o cavaleiro montado, em todas as direções ao passo, pode passar ao trote e mais tarde ao galope. Os exercícios de flexionamento devem continuar sendo realizados, assim como o recuo. Logo o cavalo deve sair da pista ou redondel e passar a andar em locais mais abertos e com mais estímulos, como árvores, outros animais, objetos que desconheça, veículos, sacolas plásticas, entre outros. Subir e descer terrenos acidentados dá mais equilíbrio e confiança ao cavalo. No início, a companhia de um outro cavalo mais experiente e calmo, chamdo de “madrinha”, pode ser benéfico. Acostumar o cavalo a situações diferentes básicas faz parte da doma, caso contrário o animal poderá se descontrolar com as situações mais triviais, porém desconhecidas para ele, que poderão levar a acidentes graves.

Assim que o cavalo se mostrar um animal calmo e confiável em diferenes ambientes e situações; obediente nos diferentes andamentos e direções, permitindo o manejo rotineiro sem sinais de agressão ou medo, pode-se dizer que está domado. Ao fim desse período, pode passar a receber treinamento específico para a tarefa ou modalidade esportiva a que se destina, por exemplo trabalho com gado, salto, baliza e tambor, adestramento.

É importante lembrar que durante a doma nunca se deve bater no animal. Sempre que ele fizer corretamente o que pedimos, deve ser recompensado imediatamente, para que entenda que “acertou”. Se ele se recusa a obedecer algum comando novo, deve-se voltar à etapa imediatamente anterior, que ele já domina. O cavalo aprende por repetição e associação, portanto tranquilidade e paciência é fundamental na doma dos equinos.
 
Texto por Louise Tezza
Fontes consultadas:
MORGADO, Cel Felix B. Adestramento do cavalo. 2a edição. São Paulo: Editora Nobel, 1990
JONES, Mark. Breaking-in. www.markjonestrainingstables.com.au

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