Página destinada à divulgação de crônicas,
artigos e outros escritos de Pedro Jaime Bittencourt Junior, que assina a
coluna "Auto Retrato" no jornal "A Evolução", da cidade de Arroio
Grande, RS., participando também como colaborador da Revista Genteboa,
de Pelotas, RS.
Blog inaugurado em 13 de março de 2008.
sexta-feira, 14 de março de 2008
GUMERCINDO SARAIVA (2007)
Quem anda pelo Arroio Grande, entre os caminhos da Souza Gusmão e da Severo Feijó, irá se deparar com uma rua de nome comprido, um pouco estranho, meio pomposo, um nome antigo: Gumercindo Saraiva.
Mais do que a expressão de um lugar, essa rua, que hoje faz esquina com tantas quadras pela cidade, traz o nome de um personagem, talvez o maior desta terra sem grandes personagens, um combatente, um caudilho, um “quase herói”...
Gumercindo Saraiva, filho de Francisco e Pulpícia da Rosa, criador de gado, estancieiro, delegado de polícia, guerrilheiro e General revolucionário, nasceu em 13 de janeiro de 1852 e foi batizado na paróquia de Arroio Grande, o que correspondia ao Registro Civil da época, ficando oficialmente declarado como filho desta terra.
Pois em 10 de agosto de 1994* foram-se cem anos, um século, uma imensidão, o tempo que o General Gumercindo deixou de lutar pela liberdade no Rio Grande.
Uma bala no peito na batalha de Carovi (lugar próximo à Itaqui, quase fronteira com a Argentina) terminou com a vida do comandante maragato, pondo fim ao seu sonho revolucionário.
Porque Gumercindo Saraiva, criado entre os “blancos” e as quesilhas uruguaias, lutador e estrategista, perseguido e preso com a proclamação da República no Brasil, chegou a ser por um instante a própria Revolução de 93. Um obstinado combatente, numa verdadeira guerra civil, a pior e mais sangrenta que o país já conheceu.
A chamada Revolução Federalista de 1893 – movimento rio-grandense de contestação ao governo de Floriano Peixoto – foi, certamente, o mais agudo momento da história do povo gaúcho. Com o Rio Grande dividido ao meio, na luta entre “maragatos” (federalistas, revolucionários) e “pica-paus” (republicanos, partidários de Júlio de Castilhos), morreram 1,5% da população do Estado, número que hoje corresponderia a quase 300 mil gaúchos, que é como se todos os habitantes da cidade de Pelotas de repente deixassem de existir.
Pois Gumercindo Saraiva que, vindo do Uruguai, foi, junto com Joça Tavares, o primeiro a invadir o Rio Grande (por Aceguá, Bagé), percorreu em luta quase 2.500 Kms. numa das maiores marchas militares de toda a América Latina, revelando-se a grande ameaça ao poder de Júlio de Castilhos e à incipiente República, tornando-se um símbolo daquela revolução, dos seus erros e dos seus acertos, das dúvidas e incertezas da época, do heroísmo, da bravura...
A falta de repercussão em Arroio Grande – terra oficial de Gumercindo – de toda essa rica história, dá a exata noção do desinteresse e da pequenez cultural em que vivemos.
Arroio Grande merece que refaçam parte da história da cidade, assim como Gumercindo não merecia que esquecessem da sua. Uma história que fez dele o grande personagem desta terra e que, por isso mesmo, não poderia acabar simplesmente esquecido numa placa de rua qualquer...
(*) publicado originalmente em 12 de agosto de 1994
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- Pedro Jaime Bittencourt Junior
- Arroio Grande, RS, Brazil
- Pedro Bittencourt Jr. - o Juninho, como também é conhecido - colabora desde a década de 80 com crônicas e artigos para jornais e publicações de Arroio Grande e da Região Sul. De profissão advogado, o filho do poeta Pedro Bittencourt e da professora Josina, pai de Pedro Gabriel e Maria Eduarda, encontrou na literatura a motivação "para continuar sonhando", como costuma dizer. Em 2008, Pedro Jr. coordenou o projeto que rendeu um livro inédito: o Treze Lugares e meio do Arroio Grande..., uma coletânea de crônicas dos principais autores da cidade, produção coletiva que se tornou o seu maior orgulho. Incentivado pela mulher Verônica, Pedro expõe nesta página escritos já conhecidos e também textos inéditos, "pela paixão de escrever, pelo prazer de ler".
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Defunto2 anos atrás
4 comentários:
Para mim, entretanto, o livro "Gumercindo Saraiva - O Guerrilheiro Pampeano", do Sejanes Dorneles, é ainda mais completo, pois além do período da revolução federalista, traz ainda outros detalhes da vida de Gumercindo, em especial da época em que o caudilho viveu em Santa Vitória do Palmar, terra adotiva do escritor.
Um abraço e obrigado pela participação.
TAMBEM LI O LIVRO DO GUERRILEIRO PAMPEANO MAS TEM MUITOS EXAGEROS NELE COM AS TROPAS E O NUEMRO DE ECTARES NO URUGUAI
BOM MORO NA SILVINA SE QUISER TROCAR UMA IDEIA E SO LIGAR 81148467
Ainda vai chegar o dia em que ele será reconhecido por todos na sua grandeza e nos seus feitos.
Aparece e te identifica, tchê!