Até hoje, muito embora algumas tentativas, o cavalo ainda não pode ser substituído por máquinas nas lidas de campo.
Estas o ajudam. Estas ajudam muito, mas ainda não podem fazer o
que o cavalo faz, como por exemplo, um aparte no rodeio ou numa porteira
de mangueira. Além disso, o cavalo é o ingrediente que maiores belezas e
alegrias produzem dentro dos trabalhos de uma estância. Ë belo, é ágil,
é inteligente, é dócil, é veloz, é vaidoso, é forte, enfim nos
proporciona momentos de verdadeiro encantamento, principalmente quando,
em seu lombo, praticamos as mais difíceis, porém mais emotivas e alegres
lidas, como o tiro de laço e o aparte, que hoje os
"Crioulistas"apelidaram de "Paleteada" .
Convença-se, pois, que
você jamais poderá deixar de possuir alguns, porá apoder desempenhar a
contento suas atividades e, sobretudo, para poder usufruir a felicidade
que eles sem dúvida alguma vão proporcionar-lhe. Confira e verá!
Existem
muitas raças. Aqui no Estado do Rio Grande do Sul cria-se:1) Inglês,
2)Árabe, 3)Crioulo, 4)Quarto de Milha, 5) Manga larga, 6)Percheron, etc.
Suas principais características são:
Inglês: Muito altos,
extremamente velozes, não se prestam muito para a lida campeira, são
apropriados para carreiras de tiro longo;
Árabe: Altos, muito ágeis, finos de corpo, belíssimos,
porém também não são aconselháveis para o campo porque são extremamente
nervosos e exageradamente delgados;
Crioulo: São os mais rústicos
dos aqui enumerados, engordam em qualquer campo, são pequenos, mas
grossos e fortes, favorecendo as manobras rápidas e em espaços
reduzidos, não dependem de trato suplementar além do campo. São os
cavalos ideais para serviços com o gado;
Quarto de Milha – Muito
velozes em tiros curtos de até 400 metros, prestam-se muito bem para o
tiro de laço, porém perdem para o Crioulo na rusticidade porque dependem
sempre, de alguma ração suplementar além do campo. São um pouco maiores
que os Crioulos;
Manga Larga – Boníssimos para longas viagens, em face do
seu bom cômodo e da velocidade que desempenham, geralmente são
"marchadores" o que os fazem perder para o Crioulo num espaço vital: o
pique da arrancada. O Crioulo, por ser geralmente de trote arranca com
mais rapidez em face da posição das patas que, no trote, estão mais
próximas umas das outras;
Percheron – Insuperável na força são apropriados para tração.
Diante das principais características enumeradas acima você naturalmente já deduziu a raça que mais lhe convém.
Ao iniciar sua nova atividade você, deveria adquirir algumas
éguas, que, além de servirem para o trabalho também servirão para
dar-lhe novos cavalos, assim sua estância faria naturalmente a renovação
da cavalhada. No entanto não exagere na quantidade, porque um eqüino
come por 2 ou 3 vacas, além de pastar noite e dia, ainda arranca algum
pasto com a raiz.
O conceito generalizado entre os estancieiros
antigos era de possuírem centenas e até milhares de eqüinos. Conheci uma
proprietária, em Mostardas, Maria Joaquina Osório Velho, que chegou a
possuir 2.000 animais cavalares. Meu pai, enquanto criador de certa
escala, nunca teve menos de 200 eqüinos, apenas por puro prazer e um
certo orgulho.
Hoje, salvo em Cabanhas especializadas em criação de cavalos, isto é absolutamente antieconômico.
Pêlos
Já
que dedicamos um capítulo aos Cavalos, seria imperdoável não falarmos
sobre os seus variadissimos pêlos. Dado a sua grande importância,
dedico-lhe em capítulo especial.
O assunto é polêmico porque encerra muitas diferenças entre as
várias regiões do Rio grande. Além disso, existe ainda, enorme
discrepância entre as linguagens militar ou turfistas e a da gauchada
campeira, que jamais chamou o cabalo zaino de castanho...
Por outro lado alguns animais possuem em seu corpo mais de uma pelagem, o que dificulta a identificação.
É oportuno lembrarmos, também, que até um ano e meio a dois anos
de idade alguns eqüinos mudam a pelagem, só atingindo a definitiva a
partir daí.
Como
me propus, neste modesto trabalho, a transmitir aos leigos alguns
ensinamentos, coerentemente permanecerei dentro desta linha, respeitando
sempre o regionalismo crioulo
São, pois, os seguintes pêlos que conheço:
ALAZÃO: vermelho – claro alarenjado.
AZULEGO: azulado, com uma ou outra mancha branca.
BAIO: cor de café com leite fraco.
BAIO CABOS – NEGROS: com pernas, crina e cola pretas.
BAIO ENCERADO: café com leite forte e manchas arredondadas e levemente mais escuras.
BAIO CEBRUNO: café com leite forte e argolas pretas nas quatro patas.
BAIO RUANO: café com leite bem desmaiado e crina e cola brancas.
BRANCO: totalmente branco
BRAGADO: totalmente coberto de manchas brancas, vermelhas ou
pretas embaralhas e indefinidas, dando a apar6encia de um buquê de
flores.
COLORADO: vermelho.
COLORADO PINHÃO: vermelho carregado, quase encarnado.
DOURADILHO: vermelho bem claro, que brilha quando exposto ao sol
GATEADO: café com leite forte ou marrom fraco.
GATEADO ROSILHO: com pintinhas brancas.
LUBUNO: cinza
MALACARA: geralmente cavalos vermelhos que tiverem, à frente da
cabeça, uma mancha vertical, dos olhos até o focinho (outros pêlos que
tiverem a mesma macha normalmente não são tratados como Malacara).
MOURO: pequenas pintas brancas sobre o fundo preto.
OVEIRO: manchas grandes, brancas, vermelhas ou pretas, arredondadas.
PAMPA: o cavalo que tiver toda a cabeça branca.
PANGARÉ: café com leite, com barriga e focinho brancos.
PICAÇO: todo preto com qualquer mancha branca e em qualquer lugar.
PRETO: totalmente preto.
ROSILHO: pintas brancas sobre o fundo vermelho.
ROSILHO PRATEADO: rozilho, com a anca quase branca.
ROSADO: é como na Serra denominam o Bragado.
RUANO: vermelho claro e crinas e cola brancas.
TOBIANO: faixas largas e bem definidas, brancas e vermelhas ou brancas e pretas, em geral dispostas verticalmente.
TOBIANO ROZILHO: quando as faixas forem rozilhas.
TOBIANO MOURO: quando as faixas forem do pêlo mouro.
TORDILHO: fundo branco com pintas levemente mais escuras de um branco sujo.
TORDILHO NEGRO: fundo branco com pintas de um preto desmaiado.
TORDILHO VINAGRE: fundo branco sob pintas marrons.
TOSTADO: cor de castanha madura.
TOSTADO RUANO: A cor de castanha madura e crinas e cola brancas.
ZAINO: marrom escuro
ZAINO CRUZADO: marrom escuro e duas patas brancas desencontradas.
ZAINO NEGRO: quase preto.
ZAINO PINHÃO: puxado à cor de pinhão maduro.
ZAINO TAPADO: o que não tem qualquer pinta branca.
Alguns animais possuem de 1 a 4 canelas brancas, independente da sua
pelagem geral, estes são chamados de "calçados" (gateado calçado da 4
patas, etc.).
Fonte: Cyro Dutra Ferreira
Campeirismo Gaúcho – Orientações Práticas.
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